terça-feira, 14 de setembro de 2010



Oswaldo Montenegro pinta casa para viver dentro de um quadro
Compositor coloriu o apartamento inteiro para parecer uma tela. Boa parte dos móveis ganharam novas cores – nem o violão escapou.


Oswaldo Montenegro resolveu pintar o apartamento dele. Coloriu tudo em casa. O que levaria um cantor famoso da MPB a fazer o que fez no seu próprio lar?

“Aqui é o quarto. Pintei o chão, as paredes e o teto. Pintei tudo, não deixei nem um centímetro sem pintar. No banheiro, escrevi aqui 'sim, é você', pra não ter a menor dúvida, quando se olha no espelho, que você está ali. Dentro do chuveiro está pintado também, no boxe”, explica o músico. Alguns poucos objetos e eletrodomésticos do apartamento não foram pintados. A televisão conseguiu escapar. Mas o aparelho de som foi todo pintado, as caixas também. O violão de Oswaldo Montenegro foi pintado na frente e atrás. E o piano também. “Eu cheguei a pintar o piano inteiro. Mas Madalena Salles, nossa flautista, tocamos juntos durante 30 anos, disse que o piano já era demais. Mandou que eu o pusesse na forma original. Eu comecei a pintar e não consegui parar, e comecei a ter a sensação de que eu quero morar dentro de um quadro, eu não quero ter um quadro”, conta Montenegro.

Cinco anos
Foi há cinco anos, quando Oswaldo comprou latas e latas de tinta e não parou mais de pintar. “É quase como se me desse um vazio insuportável. Começar a pintar isso aqui me deu uma estranha alegria, me deu uma euforia, uma coisa que beirava a loucura no sentido mais feliz da palavra loucura. Até quando eu pintei, a arrumadeira ligou para a Madalena e falou: ‘Eu acho que o Montenegro pirou’. Eu falei: ‘Minha senhora, quando eu pintar o apartamento de outra pessoa, a senhora me interna, mas enquanto eu pintar o meu, tá tranquilo’”, explica o músico. Evidentemente que não é muito comum esse tipo de manifestação artística dentro de casa. Será que ele não tem receio de que achem que é uma maluquice? “O que eu diria é que não precisam se preocupar que eu estou muito bem, e que eu tenho dois privilégios dos quais eu não esqueço nunca. Um é que eu vivo cercado de afeto e o segundo é que eu tenho a sorte de trabalhar no que adoro trabalhar. Eu trabalho com teatro, música, fiz meu primeiro filme, ‘Leo e Bia’. Você poder ir pro trabalho com prazer, para mim é o maior privilegio que um homem pode ter e eu tenho”, responde.

Sérgio Antunes


A ideia de viver com prazer e experimentar o novo levou Oswaldo a inventar um personagem. “Eu pensei, tem uma coisa que eu nunca fui: eu nunca fui outra pessoa”, conta. Ele passou três meses com outro nome, outra identidade, outra profissão. “Cortei a barba, cortei o cabelo. Fui ser Sergio Antunes, que eu inventei, que era um sociólogo e comecei a conhecer um montão de pessoas. Cheguei a viver a sensação muito louca de estar num apartamento e ouvir o meu disco. Vivi uma sensação muito louca de eu dizer no apartamento algumas coisas criticas em relação ao meu próprio disco. Depois descobri que eu era igualzinho a mim mesmo e daí voltei”, lembra Oswaldo Montenegro. O que é lucidez e o que é loucura? “Obviamente, é muito difícil conceituar loucura e lucidez. Mas, para mim, a lucidez tem um aspecto visível e claro que é respeitar o espaço do outro”, diferencia. Oswaldo Montenegro é lúcido ou louco? “Eu sou lúcido. Eu tenho certeza absoluta que eu sou lúcido. Todo ser humano deve se expressar da maneira mais livre possível. Disso eu tenho certeza absoluta, e nada melhor que a nossa casa pra gente exercer isso”.


Informações Fantástico



Os cílios agarraram-se às pálpebras quando tentei fechar meus olhos.

Mas você assoprou e todos voaram.

De novo nasceram e de novo voaram.

Não faça mais isso!

Quem vai cortar a lágrima em fatias no dia em que você for embora?




Rita Apoema



A educação do homem deve começar pela poesia,


ser fortificada pela conduta justa e consumar-se na música.