quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

                                              




Dica de Filme :

A MAGIA DE "ATOS QUE DESAFIAM A MORTE"

A Magia está na moda. Pelo menos no cinema. Depois de “O Ilusionista” (com Edward Norton) e “O Grande Truque” (com Hugh Jackman), chega à tela grande mais um filme que explora o místico e fascinante universo dos mágicos e adivinhos: “Atos que Desfiam a Morte”, uma co-produção Austrália/Inglaterra que mistura personagens reais e fictícios.
Uma belíssima reconstituição de época situa a ação no início do século 20, momento em que o ilusionista Harry Houdini (Guy Pearce, de “Amnésia”) vive dias de celebridade mundial. Por onde passa, ele arregimenta multidões de fãs dispostos a acompanhar suas inacreditáveis escapadas de cofres, correntes, tanques de água e similares.
A próxima parada de sua turnê mundial será Edimburgo, na Escócia, cidade onde é ansiosamente esperado por duas golpistas profissionais que enganam os incautos com apresentações de falsa magia: a bela Mary (Catherine Zeta-Jones) e sua filha Benji (Saoirse Ronan, a revelação de “Desejo e Reparação”). A dupla pretende descobrir os segredos de Houdini na tentativa de vencer um desafio proposto mundialmente pelo próprio mágico: adivinhar as últimas palavras que a mãe de Houdini pronunciou em seu leito de morte. Quem vencer, leva uma grande soma em dinheiro.
Através desta trama de crenças e enganos, o roteiro na verdade propõe uma história de amor. Imagina um Houdini perturbado pela morte da mãe e pela sua incapacidade de se entregar às paixões. Um personagem preso, mais do que pelas suas correntes e cadeados, pelos seus próprios medos. Por outro lado, Mary e a filha Benji – contrariamente a Houdini, personagens fictícios – são duas mulheres que pelas circunstâncias da vida se viram obrigadas a abandonar a ética e a honestidade em prol da sobrevivência. Elas mentem, enganam e roubam sonhos em troca do sustento nosso de cada dia. O preço a pagar é a perda da inocência, da intuição, da subjetividade poética que todos temos, mas que costumamos abandonar em troca das falsas recompensas materiais do mundo objetivo.
A diretora australiana Gillian Armstrong (de “Oscar & Lucinda”) desenvolve estas (e outras) leituras e sub-leituras dentro de seu já tradicional estilo elegante e preciso. Clássico, até certo ponto majestoso, com muito requinte visual, e sem nenhuma pretensão de reinventar o cinema.
Uma bela história de amor e magia. Não necessariamente nesta ordem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário